Primeiro Namorado
(Bere)
Ah, nós mulheres...
Cinquentonas ou um pouco mais
não importa...
Sabidonas, isso sim
somos demais...
Prontas para amar...
mas os maridos esgotados nem ligam
Quem sabe já os amamos demais...
E eis que de repente,
saindo lá do passado,
surgem em nossas vidas já calmas...
Ele, o primeiro namorado.
A mesma voz que emoção!
Está vivo afinal meu coração.
Nas canções estão as lembranças,
tão vivas como quando éramos crianças.
No peito o coração bate como louco,
mas o tempo pra sonhar ficou tão pouco...
Que se sonha até acordada.
Fica-se meio que perdida, meio que drogada,
enterra-se a senhora,
renasce a namorada.
E o marido que nada desconfiou
diz indiferente...
-É a crise coitada, ou esclerosou.
Mas o tempo nem sempre é amigo,
corro ao espelho e assustada digo:
Virgem Santa! O que o tempo fez comigo...
Mas o milagre acontece,
a fome antes tanta desaparece,
e tenho até um (insight),
Meu Deus! Primeiro namorado é (diet).
Estou feliz, me sinto gente
tenho um brilho diferente
acho que é no olhar...
Estou feliz, me sinto viva
entro na contagem regressiva,
chega o dia de encontrar.
Lá está ele em pé, já me avistou...
O tempo pra ele também passou,
mas, quem se importa?
Sinto friagem nas pernas,
ligeira vertigem, no peito imenso calor.
Dessa vez não é menopausa,
não, não, não,
dessa vez é puro amor.
Nos aproximamos de mansinho.
E sussurramos devagarinho: oi amor...
O tempo, tudo em volta fica para trás
só restam ali aquela mocinha e aquele rapaz.
Entregam-se então todos os sonhos
o primeiro e o ultimo sonhando,
naquela louca e linda certeza de saber-se tão amado.
Cai o pano.
O mundo por um tempo emudeceu
em meio à dor da separação o coração grita:
VALEU!!
Porque gente, o primeiro namorado...
Ah... esse nunca morreu.
Autora (Bere)
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